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O perigo da compulsão por jogos

Tem sido muito comum a chegada no consultório de famílias um tanto desorientadas com relação a influência dos eletrônicos no cotidiano dos adolescentes.


Recentemente recebi um casal encaminhado por um neuropediatra cuja sugestão era a necessidade de uma psicopedagoga para ‘’colocar o garoto nos trilhos ‘’. Organizar sua rotina escolar, seus estudos, a melhora do foco atencional, horários de lazer, suas prioridades e demais atividades. E, paralelamente a estes eventos, também delimitar o controle de acesso aos jogos eletrônicos, uma vez que esta atividade, tem sido excessiva. Muito bem! É possível e importante ensinar este gerenciamento aos adolescentes, até mesmo aos adultos que muitas vezes se percebem desorientados. Estabelecer horários é o ponto principal. Todavia, nos processos de organização familiar é fundamental que a paternagem se faça absoluta. É a figura paterna, que pode oferecer um modelo de confiança, força, cuidado e poder capazes de lidar com a compulsão e promover o basta, o limite.


Nessa experiência vivida em consultório, passei a me perguntar sobre meu lugar, sobre o que seria ‘’colocar nos trilhos ’’? Como um profissional que tem apenas uma hora de contato semanal pode superar a relação familiar ou outros sentimentos?


Acredito que a relação terapêutica pode sim ao longo de certo período relacional, preencher certas lacunas, estabelecer vínculos importantes, conhecer um pouco a alma do indivíduo, entretanto, a vida em família, a relação pai e filho com este pai mais velho oferece um apego que impacta a criança ou adolescente, e que os leva a modelar sua autoestima e autodisciplina.


Por essa razão, acredito que o pai pode e deve ensinar o adolescente em inúmeras instâncias de sua vida, como nesses processos de estres que vive o adolescente devido a seus impulsos e descontroles químicos, para ajudá-lo a entender suas confusões, ataques de raivas ou impulsos para conseguir se autorregular. É portanto, a figura paterna que como cuidador amoroso e paciente define amplamente o limite e ‘’os trilhos ’’. Claro que, analiticamente falando, a mãe também exerce a figura paterna em diferentes momentos, mas, refiro-me especificamente a presença do masculino, a esta identidade.


No livro O cérebro do adolescente, Dra. Frances E. Jensen, coloca que ‘’o cérebro adolescente continua a ser moldado por seu meio até bem depois de meados da casa dos vinte anos, portanto, além de ser um período de enormes promessas, a adolescência é também uma época de riscos singulares. O cérebro adolescente funciona e reage ao mundo de maneira diferente da criança e do adulto’’.


Para entender um pouco o adolescente e a influência do meio:

- A raiva e o comportamento desligado dos adolescentes, não são inconscientes, ou propositais.

- Para lidar com esses processos, seja firme como adulto e escolha um plano ou estilo de ação que combinem com sua família.

- Nem sempre é hormônio a causa do descontrole, e para modular essa carga química que estava guardada desde o nascimento, é preciso ensinar o adolescente a se controlar, pois, a parte do cérebro que rege as estruturas responsáveis por certas percepções como o discernimento e o juízo, ainda estão em amadurecimento e serão as últimas a se estruturarem .

- O meio é capaz de modificar o adolescente utilizando a ordem e a organização como remédios.

- Ensine-o a impor ordem a si mesmo.


Com relação a compulsão pelos jogos, seja drástico. Retire os cabos!

- Não tem mais jogo!

- Até você merecer!

- Não dê esperança!



Deixar o adolescente livremente para escolher suas reponsabilidades é um risco para a entrada na compulsão virtual que é tão patológica e preocupante como a compulsão por drogas.


Ensine seu adolescente a ser feliz, a encontrar novas formas de buscar o divertimento, como a música, os esportes, as artes os relacionamentos reais, para que ele se abra mais para o mundo e para a conexão com a vida.



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