Práticas de consultório

Parte do meu trabalho consiste em fazer reuniões de rotina nos colégios das crianças e adolescentes que atendo. Em um desses encontros, explicava os processos psicopedagógicos de uma aluna e uma colega sugeriu escrever um texto sobre minhas ‘’práticas de consultório’’.

Aceitei a sugestão e conto abaixo.

Uma das atividades que mais me encanta na Psicopedagogia é a possibilidade de contar histórias, tanto de contos de fadas, como outras de diferentes cantos do mundo, para que possamos refletir e criar hipóteses interpretativas.

No livro ‘’Mulheres que correm com os lobos’’, de Clariise Pinkola, há varias lendas e contos que nos servem de espelhos para podermos despertar a sensibilidade da busca pelo ‘’si mesmo’’, pelo ‘’eu’’. É um início do processo de autoconhecimento, à luz da Psicologia Junguina, atividade que contribui para que nossos adolescentes e crianças comecem a se conhecer.

Terapia com bonecos

História da Vasalisa, Clariise Pinkola

Neste conto, a autora mostra em profundidade o quanto somos separados

de nosso ‘’eu’’, da criança interior, e o que podemos fazer para, gradativamente, nos aproximarmos de nós mesmos, ainda que tenha sido uma separação temporária.

Vamos à prática:

Através das expressões artísticas, toda essa manifestação do “eu” pode ser demonstrada. Convido então a criança ou adolescente a participar de uma sessão de construção de um boneco ou boneca de pano para produzir a ‘’Vasalisa’’.

O trabalho pode levar várias sessões. No final, traz o indivíduo para uma reflexão de seu eu, como se percebe, se está em sofrimento ou tristeza, se há o que nem sempre aparece, o que precisa resgatar, para que se acredite mais ou se perceba mais nas infinitas situações guardadas.

Com diferentes materiais, como tecidos coloridos, tintas, fitas, papéis, botões, lãs e até maquiagens, os bonecos vão se construindo. Em geral, ofereço o boneco sem adereço nenhum.

Os símbolos surgem e podem ser ressignificados.

É um trabalho rico em expressões e conhecimento, pois explora-se a cultura na qual ocorreu a história, as interpretações, metáforas, mensagens do texto e personagens da autora.

É o momento em que a criança interior aparece e pode ser cuidada amorosamente.